O temor dos criadores

16/8/14

  O temor dos criadores: VIROSES e Doenças  Infecto Contagiosas

- Embora os cuidados fundamentais tomados, quanto ao plano de vacinação inicial  e posteriormente anual, cujo intuito é conferir a imunidade ao cão , incidentes podem ocorrer , devido a uma falha da vacina, ou contato com animais infectados em fase de baixa imunidade , ( deficit alimentar, ou alguma alteração na fisiologia do animal que o predisponha a baixa imunidade). Uma dúvida muito comum que costuma assombrar os proprietários de cães que contrairam viroses e/ou morreram por causa de doenças virais é  como fazer para ter um novo cão em casa. Isso porque é preciso ter em mente que doenças virais são facilmente transmitidas entre os cães e que muitos vírus tem a capacidade de sobreviver no ambiente por dias, meses ou até anos em alguns casos. Vamos aqui abordar algumas informações que podem ajudar no esclarecimento para as enfermidades virais e infecciosas assim como os procedimentos adequados que devem ser tomados. Inicialmente é importante enfatizar : ... é fundamental  ter um veterinário de estrita confiança e que o mesmo seja consultado para fornecer as  indicações particulares a cada distinto animal e caso. Os cães que tenham adquirido alguma doença viral contagiosa, é imprescindível que sejam tratados e medicados por um veterinário, isso porque embora alguns deles consigam sobreviver sem o tratamento adequado, continuam ainda sendo portadores do vírus causador da doença ( infecto e contagiosa) e portanto podem vir a se tornar uma fonte de transmissão para outros cães, mesmo que o cão que esteve doente esteja aparentemente sadio. Sómente com  medicação correta e  tratamento adequado e personalizado, caso a caso, e que tenha sido realizado por orientação e acompanhamento de um profissional competente, é possível eliminar o estado de 'portador' do cão que assim, após  curado...deixa de transmitir o vírus .

Parvovirose

- Esta é a virose como maior índice de mortalidade atinge os cães. O causador desta doença é um vírus de nome Parvovírus canino. Ele é altamente contagioso e causa inflamação e destruição das células da mucosa interna do intestino. Este agente está distribuído pelo mundo todo desde o final dos anos 70. A infecção ocorre através da via fecal-oral. Durante a enfermidade aguda, e por cerca de 1 - 2 semanas depois, o animal afetado elimina uma quantidade maciça do vírus. Como o vírus pode sobreviver e permanecer infeccioso por muitos meses no ambiente, a contaminação ambiental tem um papel fundamental na transmissão da doença. Os sintomas geralmente ocorrem 5 dias após o animal ser exposto ao vírus. Ele pode afetar cães de qualquer idade, raça ou sexo, desde que estes animais não estejam vacinados corretamente (usando esquemas vacinais confiáveis, elaborados por médicos-veterinários e usando um mínimo de 3 doses de óctupla para filhotes e 1 dose de óctupla anualmente para adultos já vacinados quando filhotes). A ocorrêcia se dá, na maioria dos casos, quando o cão apresenta cerca de 2 a 6 meses de idade, não está vacinado corretamente e tem livre acesso à rua. Existem raças que são mais susceptíveis ao parvovírus, como os rottweilers, os dobermanns, os pitt bulls e os labradores (mais os de pelagem negra). Porém a base biológica dessa fraqueza nestas raças ainda é desconhecida cientificamente. Portanto para essas raças o recomendável é a administração de 4 a 5 doses de 'V-óctupla/ou V-10' quando ainda  filhotes. O parvovírus canino uma vez instalado no organismo do animal, causa anorexia (perda do apetite), depressão, febre, vômito, diarréia líquida de grande volume e hemorrágica com desidratação rápida e progressiva. Podem se desenvolver também quadros de hipotermia (diminuição da temperatura corpórea normal), icterícia (amarelamento da pele e mucosas devido à hepatite) e infecção bacteriana secundária (elevada causa de mortalidade). O parvovírus tem extrema atração pelo músculo cardíaco, causando miocardite e levando ao quadro de insuficiência cardíaca com dificuldade respiratória, fibrose do miocárdio e por fim o óbito. Alguns fatores contribuem para aumentar a severidade da doença, como o estresse, condições desfavoráveis em canis super lotados e mal higienizados, infecções bacterianas secundárias, ação conjunta de outros vírus que se aproveitam da baixa imunidade existente (cinomose, coronavirose, etc) e endoparasitismo (verminoses). O tratamento é basicamente de suporte à vida do cão, ou seja, não existe uma medicação antiviral específica para o parvovírus canino exceto a imunização previa. O tratamento elementar é soroterapia endovenosa, o uso de protetores e restauradores da mucosa  intestinal, anti-hemorrágicos e antibióticos. Portanto a medicação visa o controle do equilíbrio hídrico-eletrolítico e o combate aos agentes aproveitadores da baixa imunidade (infecções secundárias, como bactérias, por exemplo). Com isso tenta-se ganhar tempo para que o organismo do animal possa produzir anticorpos (células de defesa) contra o parvovirus. O período de tratamento intensivo (de internação) em média dura de 5 a 10 dias.O esquema vacinal adequado feito por um médico-veterinário (e não por balconistas de casas agropecuárias, em ambientes precários e situações clínicas duvidosas higienicamente), com vacinas de boa qualidade, é o único meio realista e efetivo de e prevenção e controle desta doença.

Medidas antes de repor um novo cão no mesmo ambiente:   A   Parvovirose é  um dos vírus mais resistentes aos desinfetantes comumente utilizados, possui capacidade de sobreviver no ambiente durante anos. Recomenda-se usar hipoclorito de sódio (água sanitária) para lavar o piso, as paredes, teto e tudo que for possível e deixar o produto até que o mesmo seque naturalmente.

Cinomose

É uma doença altamente contagiosa provocada pelo vírus CDV (Canine Distemper Vírus) ou Vírus da Cinomose Canina (VCC), da família Paramyxoviridae, que atinge animais da família  CanidaeMustelidae,  Mephitidae e Procyonidae  (entre eles cães,furões/ferrets e alguns outros animais silvestres). Em Portugal é também conhecida como esgana. Ela degenera os envoltórios lipídicos que envolvem os axônios dos neurônios ( células do tecido nervoso ), conhecidos como bainha de mielina. Ela  pode afetar a todos os cães, é raro que haja algum cão que não tenha sido exposto ao vírus, exceto no caso de cães que vivem isolados. Daí a importância das três doses da  vacinação(30-60-90 dias)  , especifica logo após o período de desmame ( V-8/ou V10) Junto com a CINOMOSE é frequente e ocorrerem infecções oportunistas  por bactérias(potencializadores da alta causa de mortalidade).

- Em geral, a transmissão ocorre através do contato com secreções do nariz e boca do animal.Os animais se contaminam através de urina, fezes e secreções de cães doentes. Pelo fato de muitos desses vírus sobreviverem por até 1 ano em condições ambientais, o local onde um cão doente esteve abrigado deve ser evitado por filhotes e cães não vacinados durante esse período de tempo. Mesmo que ocorra a desinfecção do ambiente, o risco de contaminação ainda é considerável.Alguns vírus continuam a ser eliminados pela urina dos animais que conseguiram sobreviver à doença, por vários meses.  Isso pode se dar através de um espirro do animal doente, espalhando a secreção infectante. O vírus da Cinomose tem pouca resistência em nível ambiental, ou seja, fora do organismo do seu hospedeiro, o que facilita o controle ambiental da disseminação da doença, diferentemente do que ocorre com a parvovirose, por exemplo. As características sistemáticas do inverno desfavorecem a presença deste vírus no ambiente, por isso o cuidado deve ser redobrado nesta época. Apesar da sensibilidade do vírus no ambiente, há muitos relatos de casos de criadores que perderam animais vitimados pela cinomose após serem introduzidos em ambientes onde outros cães haviam morrido anteriormente com a doença, no período de até seis meses atrás.

A descrição clássica em textos de medicina veterinária descreve uma infecção aguda caracterizada por febre bifásica, secreções nasal e ocular, indisposição geral, apatia, anorexia, depressão, vômito, diarreia, desidratação, leucopenia, dificuldades respiratórias, hiperceratose do focinho e dos coxins plantares, mioclonia e sintomatologia neurológica, levando o animal a óbito. O período de incubação da cinomose pode chegar a 10 dias. Tanto os animais tratados quanto os não tratados podem desenvolver sintomatologia nervosa, mas esta é mais comum nos últimos. Essa fase nervosa da doença pode ser caracterizada por espasmos musculares (mioclonia) e comportamento fora do normal. Esse "comportamento fora do normal" é provocado pela desmielinização do sistema nervoso, o cão pode se tornar agressivo e não reconhecer o dono. Com a degeneração avançada da bainha de mielina, o cão pode apresentar paralisia devido à fragmentação dos neurônios. Como a maioria dos cães infectados ficam com as pupilas dilatadas, ao notar isso é aconselhável manter o cão em local com pouca luz, isso evitará a queima da retina que pode acarretar cegueira. Até pouco tempo, a cinomose remontava um longo histórico elevado prognóstico de insucessos no que tange aos tratamentos para animais acometidos. Dois fatores se associavam e possuíam papel importante na manutenção dessa perspectiva negativa.A deficiente qualidade de  vacinação e a falta de maiores informações sobre a virose e medicações hoje existentes. A Cinomose continua ser uma doença muito grave em cães, por esse motivo é aconselhável concluir todo o esquema de vacinação, de pelo menos três doses, nos filhotes ( esquema de vacinação básico ) antes de introduzi-los no ambiente de socialização e convívio com outros cães. A vacinação é o único meio eficaz de evitá-la.

Medidas antes de introduzir um novo animal no ambiente: Contudo, a Cinomose não seja um vírus muito resistente, pois é sensível a maioria dos detergentes, desinfetantes e ao calor aconselha-se, descartar os brinquedos e utensílios do animal doente ( principalmente plásticos quando não passiveis de desinfecção por água fervente ou agentes desinfectantes )e o uso do Hipoclorito de sódio (água sanitária) ou de vassoura de fogo para a desinfecção ambiental ( paredes , chão, teto) em três sessões realizadas em dias consecutivos , antes de introduzir um novo animal no mesmo ambiente.

Coronavirose

É um vírus muito similar ao vírus da parvovirose, causando sintomas semelhantes. É muito difícil diferenciar as duas doenças apenas pelos sintomas. São necessários exames laboratoriais, embora nem sempre essa diferenciação seja necessária, pois o tratamento das duas doenças é semelhante. A coronavirose pode ser considerada mais branda que a parvo, porém, pode levar à morte muitos animais. Os sinais clínicos são: febre, inapetência, apatia, vômitos e diarreia na forma de jatos. Os animais recebem tratamento sintomático, e as chances de sobrevivência são maiores.

- O uso do Hipoclorito de sódio (água sanitária) ou de vassoura de fogo para a desinfecção ambiental ( paredes , chão, teto) em três sessões realizadas em dias consecutivos , antes de introduzir um novo animal no mesmo ambiente.

Hepatite Viral Canina

A Hepatite infecciosa canina é uma doença causada por um vírus que NÃO atinge o homem. Sua ocorrência é bem menos frequente que a cinomose e a parvovirose, e a mortalidade também não é tão elevada. O período de incubação é de 2 a 5 dias. O vírus atinge o fígado e outros órgãos, especialmente os rins. O animal pode apresentar desde sintomas leves até um quadro bastante severo. Os sinais clínicos incluem febre, apatia, inapetência, vômitos amarelo-esverdeados, diarreia e, em uma pequena porcentagem de cães, uma alteração ocular denominada "olho azul" (edema da córnea), reversível na maioria dos casos. O tratamento é sintomático, e visa dar condições de reação ao organismo.

- O uso do Hipoclorito de sódio (água sanitária) ou de vassoura de fogo para a desinfecção ambiental antes de introduzir um novo animal no mesmo ambiente.

Parainfluenza

É um dos agentes causadores da chamada "tosse dos canis". O vírus, não contagioso ao homem, causa uma tosse não produtiva (sem catarro), com febre baixa ou ausência dela. O quadro persiste por 2 semanas e o prognóstico é bom. Os animais se contaminam pelo contato direto com cães infectados. O período de incubação é de nove dias. A associação de outros agentes (bordetella, adenovirus ou mycoplasma) com a parainfluenza é comum causar um quadro mais severo, como perda de apetite, apatia, tosse dolorosa e febre alta.

- A Parainfluenza é um vírus de resistência moderada. É destruído pelo calor de no mínimo 56 graus. Usar higienização com vapor quente ( vaporetto ou similar ) , ou vassoura de fogo. Pode-se ainda usar desinfetantes à base de compostos quartenários de amônia em contato por 10 minutos com as superfícies. Para maior segurança é aconselhável que o procedimento de desinfecção seja repetido no mínimo 2 vezes em dias diferentes e que o novo cão tenha, no mínimo, 2 doses de vacina de boa qualidade  aplicadas por um médico veterinário para que as chances de contaminação sejam realmente mínimas. Mantenha seu cão vacinado anualmente, pois as vacinas dadas na fase de filhote devem ser repetidas todos os anos para garantir imunidade ao cão. Nunca tente tratar  doenças com receitas caseiras, pois elas são graves e precisam de tratamento adequado para que o animal tenha chance de sobreviver.

Leptospirose Canina

A leptospirose é uma doença infecciosa, causada pelas bactérias do gênero Leptospira, uma bactéria aeróbia ou microaerófila, Gram-negativa, pertencente a ordem das espiroquetas. Na microscopia observa-se morfologia em espiral, e frequentemente um "gancho" característico nas extremidades da célula bacteriana.

A leptospira não se multiplica fora do hospedeiro, e sua sobrevivência fora dele depende das condições do meio ambiente, sendo altamente sensível a ambientes secos e a pHs e temperaturas extremas. O patógeno pode sobreviver no meio ambiente por até 180 dias quando em solo úmido ou em águas paradas. A transmissão em cães pode ocorrer por contato direto de animais infectados ou,  por transmissão indireta  (mais frequentemente urina de ratos, roedores, animais silvestres ), onde um animal susceptível fica exposto a um ambiente contaminado. A Leptospira penetra pelas mucosas ou pela pele lesionada. Entre o 4o e 11o dia de infecção, a bactéria invade a corrente sangüínea multiplicando-se rapidamente, dando origem a leptospiremia. No início desta fase observam-se febre, leucocitose, e albuminúria. Em animais susceptíveis, pode ocorrer a septicemia, onde a bactéria invade os órgãos pelos quais ela tem maior tropismo, ou seja, fígado, rins, baço, sistema nervoso central e olhos, podendo ocasionar grandes danos. A Leptospira pode provocar petéquias ou equimoses, icterícia, infiltrado inflamatório difuso de células plasmáticas nos rins, necrose focal de parênquima hepático, colestase intrahepática com lesão hepática severa. Neste estágio da doença o animal poderá sucumbir devido a uma insuficiência renal ou hepática. Ao final da bacteremia, 7 a 10 dias após a infecção, geralmente a febre diminui e a bactéria é eliminada da circulação sanguínea pelos anticorpos, o animal pode se recuperar. A recuperação é mais rápida quanto menores forem as lesões nos órgãos. No entanto, as bactérias que se alojaram em locais onde os anticorpos não têm acesso, como córneas e túbulos renais, podem levar a uveíte e leptospiúria.

No cão, a leptospirose é caracterizada por doença renal e/ou hepática aguda, e às vezes pode levar a uma septicemia. Nos casos crônicos, observam-se sequelas como doença renal crônica. O controle deve ser feito através da vacinação  sistemática dos cães, visto a impossibilidade de eliminar os reservatórios desta enfermidade. Este controle requer especial atenção, haja vista a alta taxa de mortalidade apesar dos tratamentos intensivos e de sequelas irreversíveis. A vacinação tem sido efetiva reduzindo o óbito, a prevalência e a severidade da doença. Os cuidados básicos profiláticos alem da vacinação, estão orientados no evitar o contato dos cães com ambientes úmidos,pós enchentes e ao habitat naturais de roedores/ratos, ou que os mesmos possam vir a frequentar o ambiente dos cães, tendo acesso a água de bebedouros ou ração.


Resumo : Antes de proceder a adoção de novo animal em ambientes que tenham sido sitios de domicilio de cães vitimados por VIROSES ou DOENÇAS INFECTO CONTAGIOSAS como regra geral:

 É RECOMENDAVEL e em alguns casos se torna MANDATÓRIO, descartar  os objetos de uso  do cão que esteve doente,  comedouros, cama, cobertores, brinquedos, coleira, guia e após os procedimentos de DESINFECCÃO E TRATAMENTO DO AMBIENTE ESPECÍFICO, aguardar no mínimo 7 dias antes de colocar um novo cão no mesmo lugar. Durante este período de quarentena minimo, é importante limpar e higienizar  todo o espaço do habitat e realizar a desinfecção indicada  especificamente para cada tipo de vírus, para melhor e específico esclarecimento consulte o seu veterinário de confiança. 

 


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